terça-feira, 4 de novembro de 2014

O Pacto Suicida

O Pacto Suicida




                Pammela sentou-se de pernas cruzadas, postada com as costas voltadas para a janela, de onde raros raios da luz do sol penetravam através das brechas na madeira. Tinha os cabelos loiros amarrados na nuca, entretanto conseguira formar uma adorável franja diante da fronte. Uma almofada sob os joelhos, pra prevenir a dormência, ela pensou, recordando-se do insuportável formigamento que decorria inevitavelmente daquela posição, tão confortável, mas estragada pelos detalhes. Dick já estava no seu lugar devido havia já alguns minutos, com o rosto assentado diretamente para a janela de onde os raios de sol escapavam pelas frestas e iam parar no seu rosto belo e jovial. Era quase como se a luz, ainda que escassa, presenteasse com uma claridade extra seus já belos olhos azuis, amalgamando-lhes um tom dourado, quase como quando o sol bate no mar, nas tardes do Caribe. Mas os olhos dele estavam, agora, fechados, quase em meditação (ou talvez fosse exatamente isso o que fazia, tão eretamente postado e tão perfeitamente imóvel que estava).
                A irmã bateu com as palmas das mãos bem à frente dos olhos de Dick, como se apanhasse dum só golpe uma desenvolta mosca nos ares. Foi o suficiente para que ele despertasse daquele transe vazio, presenteando o mundo com a visão da cor dos seus grandes olhos.
                - Trouxe? – ele perguntou, ciente de que a irmã sabia do que se tratava.
                - Sim – Pammela respondeu, dispondo entre eles, sobre um chão, uma toalha branca que se enrolava em volta dum objeto qualquer.
                Ela descobriu o que quer que a toalha envolvia, deixando à mostra um pequeno revólver calibre .22, e a toalha, por sua vez, passou da qualidade de manto que entrega o recém-nascido para a de bandeja que, estendida, apresenta o alimento, perfeitamente alinhada com o piso de madeira.
                - Que beleza – Dick disse, encantado. – Onde conseguiu?
                - O que é que uma mulher como eu – não quero significar que tenho atributos ou qualidades a mais, porque bem sei que não passo de material de qualidade mediana, bem ao gosto do vulgo geral – não consegue numa madrugada de San Francisco?
                - Vamos lá, para com isso. Você sabe que é bela. Desde pequeno, quando meu corpo começou a responder pelos hormônios, naquela fase em que os meninos arranjam desculpas diversas para ficar sozinhos e sem perturbação – quase sempre na companhia duma revista ou mesmo duma imagem que se conservou das ruas – e quero esclarecer de antemão que jamais a desejei, porque, meu deus, isso seria nada menos que doentio - – pensava que nunca gostaria de nenhuma das garotas lá de fora, porque nenhuma delas jamais a superaria em beleza; concluía, então, que terminaria como um andrógino, cantando Boy George pelos cantos da casa e sonhando com o dia que me casaria com o James Dean. Foi então que conheci Ann-Margaret.
                Dick jogou a cabeça para trás e soltou uma gargalhada estrondosa.
                - Quer significar que Ann-Margaret é mais bela que eu? – Pammela questionou-o, amuada, com os braços cruzados diante do peito, num gesto infantil de desgosto, ainda que irônico.
                - Não. Mas pelo menos me ofereceu uma estrada alternativa àquela que dizia respeito ao Culture Club. – Dick voltou a gargalhar.
                - Pois bem – Pammela asseverou, como se estivesse prestes a iniciar uma narrativa.
                - Vai mentir muito desta vez ou vai mentir bem pouco? – Dick interpelou, com uma das sobrancelhas armada em arco.
                - Ah, não conto mais – Pammela interrompeu-se. Virou a cara pra janela numa repreenda; mas abruptamente se deu conta de que estava tratando com Dick, e Dick nunca implorava por nada.
                - Tudo bem. Vamos logo com isso? – Dick disse, sentindo na mão esquerda (pois que era canhoto) o peso da pequena arma escura.
                Passou os dedos através das formas do artefato, como se o acariciasse com veneração. Seus grandes olhos azuis, agora meio dourados por intermédio do sol, encaravam a calibre .22 a partir de todos os ângulos, tornando-a, aproximando-a e afastando-a, observando-a contra a luz e com pesar da luz. Por último, assentou-a numa só das mãos (a esquerda), repousou o dedo indicador contra o gatilho, encostou o cano numa das têmporas e “PAH”, atirou. Dick pôs a língua pra fora e mostrou o branco dos olhos, virando-os, quase como um morto de verdade, com a coluna inclinada para o chão onde sua cabeça repousava. Ergueu-se de pronto.
                - Só não diga que se esqueceu da munição – ele vociferou, exibindo um sorriso de corados lábios finos e belos dentes brancos.
                - Ah, então toma sua irmãzinha por tola? – Pammela inquiriu-o, retirando do bolso da calça uma mão cheia de balas, como uma menina feliz por ter as mãos repletas de doces no Halloween. Repousou os pequenos projéteis de ponta dourada, que totalizavam dez, por sobre a toalha branca. Demonstrava excitação através dos movimentos do corpo.
                Dick tomou uma amostra nas mãos e perscrutou-a, como havia feito com a arma, instantes antes. Fechou um dos olhos pra conseguir focalizar com mais precisão.
                - O que há com suas pontas? – perguntou.
                - O George do açougue disse-me que são mais eficazes. Disse-me também que chamam esse tipo de dundum. O ferimento é maior, graças ao diâmetro do projétil.
                - Ah, então foi com o velho George que conseguiu a arma... – Dick concluiu.
                - Oops, prometi que não diria mais uma palavra – Pammela disse, fazendo um movimento de zíper com os dedos polegar e indicador por sobre os lábios cerrados.
                - Vamos lá, agora quero ouvir a história – Dick afirmou, novamente exibindo a arcada de dentes perfeitos.
                Pammela fingiu relutância, mas seus olhos denunciavam o fato de que estava louca pra contar.
                - Tá bem – disse. – Disse-o que havia entrado um guaxinim no meu apartamento.
                - E ele deu-te uma calibre .22 com balas de ponta oca pra que você matasse o bicho? – Dick questionou-a, irônico.
                - Você sabe, o velho tá caducando – Pammela justificou.
                - Ah, que será do pobre George Tyson quando descobrir que não mais terá consigo a visão da beleza dourada da bela Pammela Benson, que vai às compras de bife toda santa manhã?! Não quer ir lá convidá-lo pro nosso suicidiozinho privado? É certo que consentirá. – Dick gargalhou por uma terceira vez.
                - O velho já não consegue diferenciar picanha de retalhos. Semana passada, a velha Ruth foi comprar carne pra recepção do filho que regressava do Vietnã depois de três anos e o George vendeu-a restos de bofe pra gato – foi o turno de Pammela de gargalhar.
                - Faremos isto agora? – o rosto dela mudou num repente. – O sol está muito quente; demorará algum tempo ainda, até que o Richard chegue e descubra nossos corpos, que já estarão despendendo líquidos odoríferos, se é que me entende. O sol catalisará todo o processo natural.
                - Tem razão – disse Dick, pensativo. – Mas não será mais problema nosso, mesmo.
                - É... Ainda que eu ache meio indigno. De qualquer forma, é como você disse. Nem mais uma palavra. Muna.
                Dick recolheu seis dos pequenos projéteis e encaixou-os nos seus devidos compartimentos, introduzindo-os com uma lentidão quase cerimonial. Todos os seis.
                - Dessa forma, não tem como errar – disse, por fim, satisfeito.
                - Quem primeiro? – Pammela fez a pergunta dourada daquela tarde.
                - Eu, claro – Dick retorquiu. – Eu sou o mais velho. – E sorriu amigavelmente. – Ah, e se você desistir, nem me importarei; como me importar, se já não haverá eu?
                Pammela esmurrou sem força o braço do irmão.
                - Quer sugerir que vou dar pra trás? Devo lembrar-lhe de que a ideia foi inicialmente minha. Você quem se intrometeu, de enxerido.
                - Verdade. Contra fatos não há argumentos. – Dick disse, erguendo as mãos abertas, em sinal de redenção.
                - Vamos lá – ele prosseguiu. Aproximou o cano da arma na têmpora esquerda, como fizera de brincadeirinha alguns instantes antes. Mas dessa vez não o fazia com o intuito de brincar. Sentiu as bordas geladas do cano contra seu couro cabeludo, o que lhe provocou uma espécie de arrepio na nuca. Respirou fundo.
                - Três – iniciou a contagem em regressão. – dois...
                - Espera – Pammela vociferou. – Falta a lista.
                - Lista? – Dick estava confuso.
                - Sim, a lista. Quando dei início ao projeto, havia alguns requisitos que deveriam ser atendidos. Fazer uma lista de balanceamento era um deles. E você sabe como eu sou com as regras; principalmente aquelas que eu mesmo estabeleço.
                - Sim, sei bem. Da última vez que transgrediu uma delas foi parar numa casa de saúde mental. Mas, pelo que sei, não há hospícios na escuridão eterna. – Dick demonstrava uma pitada de consternação, ainda que não perdesse seu tom irônico. – Uma lista do quê, exatamente?
                - De pesos e contrapesos – Pammela respondeu-o. – Funciona assim: eu digo uma potencial coisa pela qual se vale a pena viver e você me retruca com a versão corrompida dessa coisa. Se não houver versão corrompida, você me arranja algo que a anule irremediavelmente. No fim, a decisão ainda cabe a nós. A finalidade é confirmarmos se realmente fazemos a escolha ideal.
                - Hm, parece divertido – disse Dick, em concordância. – Mas creio que já haja tomado minha derradeira decisão. – Depois de alguns segundos em silêncio, prosseguiu:
                - Bem, não perco nada. Comecemos.
                - Ok, deixe-me ver – Pammela aprumou-se, como uma criança que se excita com o início dum jogo novo, os olhos jogados na diagonal, como quando se tenta acessar a imaginação.
                - Sexo é algo bom com que se começar – ela disse. – O que me diz?
                - Concordo – Dick respondeu. – Mas, qual a sua finalidade, eu a pergunto? Contraímos e descontraímos centenas de músculos, jogamos na lixeira vidas que jamais lograrão em realidade, somos acometidos de intensa sensação de prazer por míseros segundos. Depois, o quê? Depois um dos dois se dirige à cozinha para fritar ovos ou fazer torradas, e a vida barulhenta de fora do apartamento tem seguimento. É nada mais que uma necessidade animal da qual nenhum dos dois se beneficia verdadeiramente, afinal (num contexto metafísico, é lógico). Num contexto fisiológico, advêm inúmeros benefícios à saúde e blá, blá. A mesma saúde cuja função é a de nos ajudar a encarar o mundo; o mesmo mundo que eu desejo evitar através de uma dessas dunduns do cartucho. Vamos à sua forma corrompida. Calha lembrá-la, e essa imagem mental é suficientemente forte para deixar que reste qualquer dúvida quanto ao seu peso, dos que trazem à tona atividades nada saudáveis, incorporando-as ao sexo. Tem gente que só atinge o orgasmo quando, durante o ato, se lhe batem ou se lhe arrancam um dedo ou uma orelha fora. Esse fato por si só nos leva inexoravelmente à conclusão de que a vida, de forma geral, é um defeito. Ademais, tem ideia de quantos dementes, por culpa destas mesmas atividades, em tese, prazerosas, andam por aí, mundo afora, vendendo pessoas no mercado negro? Seu argumento está anulado.
                Pammela fez cara de quem aceitou a derrota.
                - Bem, e os nossos amigos? – Era a segunda chance de Pam.
                - Nunca entendi, ao certo, o significado de tal palavra. Amigo. Tenho formulado um conceito em mente: são aqueles que precisam de nós... para que se sintam melhores quanto a si mesmos. Quando pesam os fatos determinantes, nenhum deles fica; se ficar, é para que nos veja caindo e, consequentemente, sintam-se, como disse, melhores em relação a si mesmos. Richard, por exemplo. No momento em que nos declararmos quebrados (e é o que aconteceria, caso escolhêssemos a vida), não tardará até que arranje novos amigos com quem conseguir marijuana e cerveja de graça, assim como o faz aqui. Amizades são pequenas conveniências. No momento em que as condições desfavorecem, se desfazem como pólen ao vento.
                Pammela pareceu convencida pelo argumento.
                - E a música?
                - Pura ilusão – ele respondeu de pronto. – O que a música muda? Leva a qualquer lugar? Eu mesmo nunca saí do meu quarto escuro e cheio de rachaduras enquanto ouvia, durante toda minha vida. Às vezes é tocante, sim, e às vezes anima, mas continua não passando de ilusão. São apenas ondas sonoras, e ondas sonoras não mudam qualquer coisa. Nós desligamos os fones de ouvido e o mundo lá fora ainda é escuro, frio e barulhento.
                - E os livros?
                - Desta vez, você quase me pega. Mas, não mais. Durante uma época foram eles que me mantiveram afastados das lâminas e da ponte da cidade; pensava eu que, certo dia, abriria um opúsculo especial e me depararia com a verdade final acerca de todas as coisas; seria, assim, livre e feliz para desfrutar dos banquetes da vida, servidos pelo fauno dos bosques, para dançar e para enamorar-me de alguém sem qualquer peso na consciência. Nunca houve tal livro; nem tem pretensão de haver. Folheei páginas demais e tudo o que me deram foram mais dúvidas. Quanto mais páginas, mais e mais intensas teias de aranha, que vão se contorcendo através da minha mente fraca, induzindo-me à confusão e à incerteza. Auxiliaram-me um pouco, os livros de meditação e misticismo, mas o estado final alcançado pelos gurus é sempre o de perfeito vazio. Existe vazio mais perfeito que a morte? Estamos próximos de experimentar.
                - E mamãe?
                - Não estás a sério, com essa pergunta. Não podes. Mamãe é uma serpente venenosa. Faz-se de senhora boazinha de meia-idade que não vê a hora de pegar seus netinhos no colo, hoje. Mas foi ela quem ocasionou o suicídio do papai. Sua memória não deve estar tão defasada assim. Ele sentou-se no vaso sanitário e engoliu uma dúzia de comprimidos de tarja preta. Não a suportou. Lembra-se? Ela nos assustando, pequenos, com todas aquelas histórias de labaredas do inferno e a volta de deus? Sem bem que esta parte não é culpa dela; é metade dum planeta inteiro contaminado por essa farsa que se alastra através das gerações.
                - E os natais?
                - Como comemorar os natais com comida farta e boa música enquanto crianças são vendidas como porcos, por aí? Enquanto os velhos indefesos sofrem nas mãos de skinheads psicopatas que destroem seus rostos com pés-de-cabra? Melhor: como comemorar um natal, que fala de compaixão e bons sentimentos, com a ciência de que milhões de famílias restaram trucidadas quando das grandes guerras? Com a ciência de que tantos não têm como comer qualquer coisa, nesse exato momento, pobrezinhos...
                - Você está brincando comigo esse tempo todo – Pammela repreendeu-o. – Você não se importa com qualquer dessas coisas. Está reproduzindo o costumeiro discurso superficial dos suicidas vulgares; esse não é o Dick falando.
                - Estou apenas jogando o seu jogo, cara irmã – Dick retrucou, com uma expressão de divertimento estampada no rosto. – Se bem que você tem a razão. Se eu me importasse com qualquer dessas coisas, não estaria no chão do meu apartamento, às três da tarde, com uma arma apontada pra minha própria cabeça. E creio que você não se importe com essas coisas  também, se me acompanha neste “empreendimento”. Então, por que darmos prosseguimento a esse jogo infrutífero?
                - Você é bom argumentador. Talvez eu o estivesse usando pra conseguir convencer-me ainda mais. Mas você foi esperto e começou a jogar essa ladainha de “famílias mortas na guerra”. Antipático até o seu último instante.
                - Eu faço o que posso – Dick disse, passando os dedos através dos cabelos dourados.
                - Praia no domingo de manhã – ela asseverou, continuando o jogo.
                - Hiroshima e Nagasaki jamais voltaram a ver a praia, que peninha.
                - Concerto da sua banda favorita.
                - As câmaras de gás nazistas. O câncer que pode vir a acometer qualquer um.
                - As crianças. As crianças são uma coisa boa. Quero ouvir de perto seus argumentos.
                - Um bando de pequenos homens e mulheres barulhentos, cheios de necessidades e especialidades. Passam a infância sonhando, crescem e se tornam adultos fúteis, como a gente do mundo lá fora, ou adultos tristes, como você e eu. E isso dá no quê? Nada, como todo o resto das coisas.
                - E se uma delas é seu filho?
                - Aí eu entrego tudo de mim; meu tempo, minha dedicação, meu amor. No fim, ele ou ela abre a porta da frente da minha casa imaginária e vai-se embora pro mundo barulhento, enquanto eu, drenado, morro num quarto vazio. A única coisa justa é que ele também morre no final, tão sozinho quanto eu; ninguém ganha nada.
                - Você falou de amor, não falou? O que me diz dele?
                - Digo que é sinônimo de dor; quando se ama se está sempre separado de qualquer coisa; sentimo-nos como se fôssemos a metade de alguma coisa. Mas não existe coisa alguma para nos completar – somente ilusões, assim como quando somos acometidos da paixão. Creio que a inteireza, o preenchimento real, resida na morte, a única coisa da qual temos conhecimento que exista com totalidade. Não noutro lugar além daí.
                - Acho que acabo de ser convencida – Pammela disse, enfadada.
                - Então vamos dar prosseguimento ao itinerário.
                Foi quando a janela se abriu e deixou entrar o sol. Era Richard, que subia alternativamente pela escada de incêndio. Lá fora, fazia uma agradável tarde de setembro. As crianças pulavam corda e brincavam de dono-da-rua. Pammela e o irmão se ergueram e se dirigiram à janela sem dizer palavra, enquanto Richard ia desengonçadamente atrás duma cerveja na geladeira. Uma brisa lhes estapeou o rosto. Eram quase quatro da tarde e o mundo já não estava tão barulhento; umas nuvens róseas rodeavam o sol já distante, a deslizar no horizonte de San Francisco. Num ímpeto, pros dois, pareceu tocar música no céu azul; o mundo já não era tão insuportável quanto aparentava no joguinho de palavras deles. Era quase harmonioso.
                - O que acha de deixarmos nosso “empreendimento” pra outro dia? – Pammela sugeriu, sem desviar os olhos da rua pintada de ouro. – Sou a idealizadora, minha palavra deve valer alguma coisa.
                - Deixemos. Mas aviso que vou conseguir uns argumentos insubjugáveis daqui pra próxima vez.
                - Desafio aceito – ela respondeu.
                - Desafio? – o Richard, que voltava da cozinha com uma lata de cerveja na mão, perguntou. – Que desafio?
                Nenhum dos dois disse nada; o que estava para lá da janela respondeu por eles.