sábado, 7 de dezembro de 2013

O Mundo


Como quem sabe que respira o mesmo ar
Que alça o voo do pássaro e balança o humor das ondas
E mata cada pequeno receio que ouse precipitar-se
Com o simples gesto do passo seguinte; 
Eis o que faz o verdadeiro bom homem

E maravilha-se com o cheiro e o gosto das coisas 
E anseia pelo toque da próxima mão 
Amando a ideia do advento de uma nova geração 
De meninos e meninas tão puros e régios 
Tão eretos e vestidos como querem vestir-se
Admirando o sol da nova manhã 
De mãos dadas, sem perquirições 
Sabendo – não simplesmente desejando - 
Que amanhã o dia será ainda mais claro 

Enxerga não somente a si; bate no peito, e invoca a razão 
Como o dia nublado clama pela chuva iminente 
Como a velha senhora preta pede o auxílio dos orixás  
Como um grande rio interminável, que, já cansado, 
Pede licença à vida para desaguar 

Tropeça na escuridão das pequenas clarezas 
Perdendo-se do caminho do grande fulgor 
Mas não lhe foge, a imagem do retorno 
E é tão inevitável, quanto o é 
O filho que regressará para os braços da mãe 
O homem nobre que retornará sempre à alegria 

domingo, 1 de dezembro de 2013

Os Escravos Servirão

      


Aqui, sobre a terra, sobre a materialização final das coisas deste plano; sobre o mundo que encerra em si cada pequena característica dos demais; sobre Gaia, a verdadeira mãe do homem, digo que se fortalece hoje meu firmamento!      

O céu eterno e estrelado dança numa misteriosa mistura de constância e variação eternas; são tantas as coisas que nascem, e se transformam, e morrem; eu, vazio sobre vazio, não seria digno de qualquer atenção, porque ainda é pequena, minha vontade. Mas eu sinto o frio dos olhos d’Ela sobre mim, e seus lábios, dos quais jorra uma infinidade de galáxias, movem-se, para que ela diga: “tua alegria é minha alegria”. Eu sento e observo a dança infinita das coisas: e me alegro!

O ponto no centro do círculo é o fogo que arde em toda parte; arde nos céus eternos, que não encontram limites onde quer que seja, e arde, ainda que tolhido por uma miríade de pequenas criaturas, dentro de cada coração que ainda bate. Eis o Cristo que tanto procuras! Encerrado dentro de ti o tempo todo; mas tu só tens olhos para o que está fora, quando te maravilharias com o que há por dentro. O fogo arde em toda parte, e não encontra distinções; podes Ser o fogo, ou podes queimar-se com ele: a decisão é sua. O fogo é noivo do céu eterno e estrelado, e dessa união nasce o regozijo universal da dissolução: a alegria final.             

Eu observarei os credos, as devoções, a queima de mágoas por falsas religiões, e sobre isso não direi sequer uma palavra. Enganem-se com sua bíblia maldita encapada em couro escuro, de vergonha. Enganem-se com seu livro três vezes maldito, responsável por tantos séculos de sofrimento, de punições sem cabimento, de compenetração do medo em todos os âmbitos da vida! Que se atropele com teus próprios versículos de alegorias, que nem tu nem teus antepassados sequer jamais compreenderam; e que as palavras que dizes em contrário à evolução transformem-se nos mais terríveis dos insetos, antes de deixar sua boca de maldições! Deem todo o seu dinheiro e chorem com as canções melosas dos charlatões! O mundo não precisa do seu deus; e seu deus é só um câncer que se alimenta de sofrimento.    
 
Assim como Ela se alegra com nossa alegria, é natural que se entristeça com nossa tristeza. A tristeza desequilibrará a ordem das coisas, se não nos pusermos a agir em alegria. Alegrar-se n’Ela e encontrar a parcela de fogo, que arde em todas as coisas, dentro de nós mesmos: eis o segredo das maçonarias, dos budas, das bruxas. Eis o segredo do Ser. Outro segredo é a A Flor da Vida; qualquer que ainda não tenha ouvido sobre, que corram, porque ainda há tempo.              
Que se sufoquem e morram os pensamentos baseados no que não é edificante; que ardam eternamente num inferno de escravidão todos os que não enxergam a verdade porque não querem enxergá-la. Esses serão escravos eternos de suas próprias existências; esses, servirão.