sábado, 7 de dezembro de 2013

O Mundo


Como quem sabe que respira o mesmo ar
Que alça o voo do pássaro e balança o humor das ondas
E mata cada pequeno receio que ouse precipitar-se
Com o simples gesto do passo seguinte; 
Eis o que faz o verdadeiro bom homem

E maravilha-se com o cheiro e o gosto das coisas 
E anseia pelo toque da próxima mão 
Amando a ideia do advento de uma nova geração 
De meninos e meninas tão puros e régios 
Tão eretos e vestidos como querem vestir-se
Admirando o sol da nova manhã 
De mãos dadas, sem perquirições 
Sabendo – não simplesmente desejando - 
Que amanhã o dia será ainda mais claro 

Enxerga não somente a si; bate no peito, e invoca a razão 
Como o dia nublado clama pela chuva iminente 
Como a velha senhora preta pede o auxílio dos orixás  
Como um grande rio interminável, que, já cansado, 
Pede licença à vida para desaguar 

Tropeça na escuridão das pequenas clarezas 
Perdendo-se do caminho do grande fulgor 
Mas não lhe foge, a imagem do retorno 
E é tão inevitável, quanto o é 
O filho que regressará para os braços da mãe 
O homem nobre que retornará sempre à alegria 

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