Como quem sabe que respira o mesmo ar
Que alça o voo do pássaro e balança o humor das ondas
E mata cada pequeno receio que ouse precipitar-se
Com o simples gesto do passo seguinte;
Eis o que faz o verdadeiro bom homem
E
maravilha-se com o cheiro e o gosto das coisas
E anseia pelo toque da próxima mão
Amando a ideia do advento de uma nova geração
De meninos e meninas tão puros e régios
Tão eretos e vestidos como querem vestir-se
Admirando o sol da nova manhã
De mãos dadas, sem perquirições
Sabendo – não simplesmente desejando -
Que amanhã o dia será ainda mais claro
Enxerga
não somente a si; bate no peito, e invoca a razão
Como o dia nublado clama pela chuva iminente
Como a velha senhora preta pede o auxílio dos orixás
Como um grande rio interminável, que, já cansado,
Pede licença à vida para desaguar
Tropeça
na escuridão das pequenas clarezas
Perdendo-se do caminho do grande fulgor
Mas não lhe foge, a imagem do retorno
E é tão inevitável, quanto o é
O filho que regressará para os braços da mãe
O homem nobre que retornará
sempre à alegria
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