quarta-feira, 25 de junho de 2014

Despretensiosamente



MEUS dedos passeiam
Despretensiosamente 
Enquanto a noite torna-se fria

Lá fora, o vento subjuga os incautos
Os subjugados perecem 
Frente o desdém natural
E quebra-se o inquebrantável diamante
Frente à singular suficiência do tempo

Enquanto o inverno faz do céu neblina 
E os velhos ameaçam não sobreviver à doença,
Os corações obrigam-se a erguer chama 
Para que não se deixe congelar 

Enquanto duvido da vida amanhã
Do pão e do chão certos de hoje
Meus medos passeiam 
Despretensiosamente 

No frio desfaz-se 
A gloriosa imagem do futuro
- Resta-nos só os nós dos dedos
Gelados como a galáxia 

Ouçam-lhes os supostos relatos 
Dos que encontraram, no frio, amor
Tudo o que no frio encontrei 
Foram corpos congelados à morte
Foram olhos assustados 
E gargantas sem força para gritar

Mas, enquanto pelos finos 
Fios pretos de cabelo 
Meus dedos passeiam
[Despretensiosamente] 
Viajo, e o suposto destino
Talvez seja o que chamam amor

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