quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Urgentes na Noite



Insólito jogo de meandrosas palavras
Quando já não caibo mais em mim
Afortunado é o fruto que logo se desprende
Mas tanto sofre o que se deixou ficar
Preso à rama – até que venha o verão

Despretensiosamente, eu desfraldo e iço a vela
Como um marinheiro perdido num conto empoeirado
Não sei se de fato ouço, ou se apenas imaginam os poetas
Cantos de povos entoados e trombones
Sereias, tambores e búzios celestiais
E eu pinto com olhos curiosos a imagem...

Eu vi e quis viver, até em pouco me perdi
E meu lar não está nunca à vista,
Para qualquer lado que se olhe
Mas me enganaram sempre, estes dois olhos meio-cegos
Talvez eu nunca tenha estado aqui
Talvez seja tudo nada mais que sonhos
Dum napeiro homem triste

Não sei se penso; nem se existo
Os trocadilhos já me cansam
Como quando criança me cansava a noite
E, nos braços da minha mãe, cruzava a cidade
Desemborcávamos, urgentes, no lugar branco
E o cheiro era de éter. 

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