
[A censura num mundo supostamente livre]
Em busca do definitivo caminho
Da estrada que cruza os mundos
Na direção da essência última
E da dissolução
Amor em canto nenhum - amor em todos os cantos
Amor nos rapazes e moças passados
Que me legaram à memória só leve insinuação
Pactos, tratados e aumento de defesa bélica
Monstros na escuridão, no chão sob a cama
Canções de ninar e Rock n' Roll
Sertão de Alagoas e frio de Helsínquia
Um voo deleitoso por sobre o planeta
Marte, Júpiter, Urano, Plutão
A lembrança dos pés pequenos, o chão frio a tocar
O sonho hermético dos estilhaços de vidro
a lanhar profundamente as solas dos pés
A turva visão do futuro e das possibilidades
Um bilhão de livros que jamais serão lidos
[Os ensinamentos de Buda
e a teoria da relatividade]
Um passo mais em direção ao inferno
Um passo em falso e um tropeço no paraíso
Haverá portões dourados ou somente a dama azul?
Haverá dias, séculos, milênios
Em direção a lugar algum
Enquanto isso, eu deito-me pra dormir
[Estudando com afinco o método de Frabato]
Procuro, mais ou menos sempre, por paz,
Na Kabbalah e na imaginação
No cinema barato de Hollywood, no poema, na meditação
Nos discos de vinil sem vitrola
Nas teorias que jamais ganharão aplicação
Nos romances que lentamente escrevo
No corpo eterno e estrelado da Deusa Mulher
No fim de tarde das estradas da vida
Um banho de mangueira no terraço
O nascimento do menino Jesus
A Segunda Guerra Mundial
Sou senão a junção de todas essas coisas
Mas há outro em mim (escondido sob um milhar de trancas)
O que aspira à ascensão e à pura poesia
Pura existência e desmistificado êxtase
[A criança, antes de terem quebrado seu coração]
Odisseia de mim; a busca que não se finda
Eu, que pairo em qualquer lugar,
Diante do perfeito espelho suspenso
Que flutua, inabalável, na imensidão do espaço.
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