quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

Meanwhile, Inside Myself

Como um espectro de procura e deambulação 
Radicais mudanças de humor 
[A censura num mundo supostamente livre]
Em busca do definitivo caminho 
Da estrada que cruza os mundos 
Na direção da essência última 
E da dissolução 

Amor em canto nenhum - amor em todos os cantos
Amor nos rapazes e moças passados 
Que me legaram à memória só leve insinuação
Pactos, tratados e aumento de defesa bélica 
Monstros na escuridão, no chão sob a cama 
Canções de ninar e Rock n' Roll
Sertão de Alagoas e frio de Helsínquia 
Um voo deleitoso por sobre o planeta

Marte, Júpiter, Urano, Plutão
A lembrança dos pés pequenos, o chão frio a tocar
O sonho hermético dos estilhaços de vidro 
a lanhar profundamente as solas dos pés
A turva visão do futuro e das possibilidades
Um bilhão de livros que jamais serão lidos 
[Os ensinamentos de Buda 
e a teoria da relatividade] 

Um passo mais em direção ao inferno 
Um passo em falso e um tropeço no paraíso 
Haverá portões dourados ou somente a dama azul?
Haverá dias, séculos, milênios 
Em direção a lugar algum
Enquanto isso, eu deito-me pra dormir
[Estudando com afinco o método de Frabato] 

Procuro, mais ou menos sempre, por paz, 
Na Kabbalah e na imaginação 
No cinema barato de Hollywood, no poema, na meditação
Nos discos de vinil sem vitrola 
Nas teorias que jamais ganharão aplicação 
Nos romances que lentamente escrevo 
No corpo eterno e estrelado da Deusa Mulher
No fim de tarde das estradas da vida 

Um banho de mangueira no terraço
O nascimento do menino Jesus 
A Segunda Guerra Mundial

Sou senão a junção de todas essas coisas
Mas há outro em mim (escondido sob um milhar de trancas)
O que aspira à ascensão e à pura poesia 
Pura existência e desmistificado êxtase
[A criança, antes de terem quebrado seu coração]
Odisseia de mim; a busca que não se finda 
Eu, que pairo em qualquer lugar, 
Diante do perfeito espelho suspenso
Que flutua, inabalável, na imensidão do espaço.

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