sexta-feira, 6 de fevereiro de 2015

Universo Orgânico

Transcendência é nada
Num universo infinito e casual
Só um conjunto de pontes e portas 
As quais cruzamos, e que somem às nossas costas
E no final não havia nada mais, 
Somente pontes e portas

Reinvenção é continência 
Cautela para que não terminemos por esfolar 
Ou explodir estes milagres ambulantes
Da carne de que somos feitos
Passos, bocas, gritos, granadas, miolos 
Todas as vozes e voz alguma 
A todo instante, em lugar algum 

Amor é a mais avulsa das palavras 
É adrenalina, noradrenalina 
Feniletilamina, oxitocina, 
É serotonina e ilusão 
É alcançar a mão pequena dum bebê
São lágrimas derramadas 
pelas esquinas da história 

Eu, também, quero ser éter 
Mas tudo o que posso ser é fumaça 
Sou o que deixo de mim transparecer 
Pelo suor, pelo sangue que pouco sangra 
Pelo que digo e me deixo escrever 
Sou só o que lembro e o que consigo 
alcançar com os olhos e com as mãos

A Terra é o palco da minha tardia aventura 
O assovio dos ventos e o canto dos pássaros
são minha trilha sonora 
Às vezes penso despertar Gaia com acordes 
Mas ela apenas espia através de pálpebras semicerradas
Me lança um tênue sorriso de chufa 
E regressa sem palavra ao seu sono de beleza 
que já dura eras e eras. 

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