domingo, 15 de março de 2015

Advento de Março

Queimavam-me os olhos e me queimava o coração
A doce sina do cansaço e a invasão de novos amores
O encontrar-se inteiro em meio à solidão e às perdas insignificantes
Milhas e milhas entre corações – profecias e memórias sutis
A jornada sem atalhos com rumo às fundações do ser
mais profundo

Mesmo que me tenha doído a garganta
E que tenha, quase sem consciência,
aberto mão da estrada do sábado
Apaixono-me mais todos os dias
Pelas recém-advindas ondas de calor
O caminho em direção ao qual o destino a mim lançou
[O amor está no morrer dolorido, mas amando]

Ainda que um tanto me doa, pois que já quase não escrevo...
Já quase não me sento à tarde com uma melodia à mente
E as duas mãos em redor do violão
Já quase não paro pra pensar...

Mas os céus abrem-se à minha janela
[Ainda que emoldurado pelos intermináveis fios de energia]
O encontrar-se completo, quando já nada lá fora detém
a chave do meu espírito
Quando andar com vagar e amar cada um dos passos dados
vai-se tornando o comum
E viver intensamente é só um termo para tolos
É no viver com vagar onde resido
É também no existir puro - sem rótulos ou traduções

Eu sei que tudo isto pelo que vivo vai passando
O papel amarela e vira alimento pra fungo [eu recorro à tecnologia]
As crianças vão todas crescer e eu avanço em direção à idade desconhecida
O advento de todas as coisas as quais meu coração almejou
pelos últimos meses estranhos [segredos perigosos e redenções]
A vida dançando um novo ritmo de maravilhas

Já não me pesa, nem me dói
Meu ser nada duvida de que tenha encontrado amor
Pois que aprender a morrer é o fim último do homem na Terra
E encontrar amor é aprender a morrer.

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