domingo, 1 de março de 2015

Reencontro

O teu amor me cobre 
Como o espaço vazio cobre aos corpos 
do universo
O teu encontro é senão a constante chuva  
da qual minha alma seca carecia
E vinha, há tanto, carecendo  

Camuflado sob necessárias e éticas 
convenções preliminares 
Devolveu-me a esperança perdida 
por entre meus sonhos 
Deu-me oceano no qual desaguar 
Recupero a cada instante 
o sentimento que escapou 
por entre meus dedos, nesses cabeiros
anos vazios 

Beijou-me o rosto e sepultou-me as trevas 
Meu espírito inseguro enchendo-se de segurança 
Minha mente vazia inflando com inspiração 
Meu ser, antes esquecido, 
relembrado nos dias cinzentos

Sinto-me abraçado e amado, mesmo quando à distância  
E quando a ti encontro, reencontro minha paz 
que se havia perdido pelas esquinas ensolaradas
Encontro a mim mesmo e a todos aqueles amigos antigos 
Encontro aquilo que me faltou e confinou-me à solidão 
[A semana em que recobrei a consciência 
e abandonei o drama] 

Quero agora jogar-me à sorte das tuas mãos de calor 
E cultivar a ti no meu coração, para que nada se perca 
E amar-te como se amasse a todos aqueles amigos 
que jamais possuí
E se foi mesmo o destino que colocou-lhe 
nalguma das passagens do meu caminho
Vejo, enfim, que não é ele assim tão cruel 
quanto dizem.

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